80 Anos do Dia D: A Maçonaria na Segunda Guerra Mundial

Em 06 de junho de 2024, comemoramos os 80 anos do Dia D, a monumental operação que marcou o início da libertação da Europa Ocidental das forças nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.

Enquanto honramos a coragem dos soldados que desembarcaram nas praias da Normandia em 6 de junho de 1944, é importante também refletir sobre outros grupos que sofreram e resistiram durante este período sombrio da história.

Um desses grupos é a Maçonaria, que apesar de suas intenções pacíficas e valores de fraternidade, justiça e progresso moral, enfrentou intensa perseguição sob regimes totalitários.

A Maçonaria e os Regimes Totalitários

A Maçonaria, com suas raízes profundas na história ocidental, foi vista com desconfiança por regimes autoritários devido à sua natureza secreta e à sua ênfase em valores de liberdade e igualdade.

Durante a Segunda Guerra Mundial, essa desconfiança se transformou em perseguição aberta em países sob controle nazista e fascista.

Na Alemanha Nazista

Adolf Hitler e o regime nazista viam a Maçonaria como uma ameaça ao seu poder. Eles associavam os maçons a conspirações internacionais e ao “judaísmo internacional”, uma teoria conspiratória que sugeria uma aliança secreta entre judeus e maçons para dominar o mundo.

Em 1935, a Maçonaria foi oficialmente proibida na Alemanha. Lojas maçônicas foram fechadas, seus bens foram confiscados, e muitos maçons foram presos e enviados a campos de concentração.

Os registros preservados do Reichssicherheitshauptamt (Escritório Central de Segurança do Reich) mostram a perseguição aos maçons durante o Holocausto. O RSHA Amt VII (registros escritos) foi supervisionado pelo professor Franz Six e foi responsável por tarefas “ideológicas”, incluindo a criação de propaganda antissemita e antimaçônica.

Embora o número de vítimas não seja conhecido com precisão, os historiadores estimam que entre 80.000 e 200.000 maçons foram mortos sob o regime nazista. Os presos maçônicos dos campos de concentração foram classificados como prisioneiros políticos e usavam um triângulo vermelho invertido. Hitler acreditava que os maçons sucumbiram aos judeus conspirando contra a Alemanha.

O triângulo vermelho indicando ser maçom e um “F”, indicando ser francês, logo abaixo, o número do prisioneiro / Crédito: Wikimedia Commons

Na Itália Fascista

Sob Benito Mussolini, a situação dos maçons na Itália não foi diferente. Em 1925, um decreto proibiu todas as associações secretas, incluindo a Maçonaria. Mussolini considerava os maçons como uma possível fonte de oposição e uma ameaça ao seu regime. Assim, muitos maçons italianos foram perseguidos, e suas lojas foram fechadas.

Em Outros Países Ocupados

A repressão à Maçonaria não se limitou à Alemanha e à Itália. Na França de Vichy, o governo colaboracionista com os nazistas decretou a dissolução das lojas maçônicas em 1940, confiscando seus bens. Contudo, em outros locais, a situação era mais complexa.

Em países ocupados, muitos maçons se envolveram na resistência contra os regimes totalitários, usando suas redes para organizar a resistência, proteger perseguidos e disseminar informações clandestinas.

A Resistência Maçônica

Apesar da intensa perseguição, a Maçonaria e seus membros demonstraram uma resistência admirável. Em muitos casos, maçons individuais e lojas maçônicas tornaram-se parte integral das redes de resistência.

Eles arriscaram suas vidas para lutar contra a opressão, proteger os vulneráveis e manter acesa a chama da liberdade e da justiça.

Entre os maçons mais notáveis que contribuíram significativamente durante o conflito, destacam-se Winston Churchill, Franklin Delano Roosevelt e Harry S. Truman.

  • Winston Churchill, primeiro-ministro do Reino Unido, foi um maçom dedicado e um líder incansável na luta contra o nazismo. Sua determinação e oratória inspiraram milhões a resistir à tirania e a lutar pela liberdade. Churchill foi fundamental na preparação e execução do Dia D, assegurando que os Aliados estivessem prontos para a invasão e coordenação das forças multinacionais.
  • Franklin Delano Roosevelt, presidente dos Estados Unidos, também era maçom. Ele desempenhou um papel crucial ao liderar os Estados Unidos durante a Grande Depressão e a Segunda Guerra Mundial, promovendo a cooperação internacional e a defesa da democracia. Roosevelt foi um dos principais arquitetos do Dia D, trabalhando em estreita colaboração com Churchill e outros líderes aliados para planejar e executar a invasão.
  • Harry S. Truman, que sucedeu Roosevelt após sua morte, era igualmente um maçom comprometido. Truman tomou decisões fundamentais durante a fase final da guerra e no início da reconstrução pós-guerra, incluindo o uso da bomba atômica e a fundação das Nações Unidas. Sua liderança foi vital para manter o impulso após o Dia D, garantindo a derrota final do Eixo e estabelecendo as bases para a paz pós-guerra.

Símbolos de Resiliência

A pequena flor azul do miosótis foi usada pela primeira vez pela Grande Loja Zur Sonne, em 1926, como emblema maçônico na convenção anual em Bremen, Alemanha. Em 1938, um distintivo de miosótis — fabricado pela mesma fábrica que o distintivo maçônico — foi escolhido para a campanha anual de caridade do Partido Nazista em Winterhilfswerk.

Essa coincidência permitiu que os maçons usassem o emblema do miosótis como um sinal secreto de associação, simbolizando sua resiliência e coragem em tempos de perseguição.

Pós-Guerra e Restauração

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, a Maçonaria foi restabelecida em muitos países onde havia sido proibida. O pós-guerra trouxe uma renovação do compromisso da Maçonaria com os valores de liberdade, igualdade e fraternidade.

Lojas maçônicas ao redor do mundo trabalharam arduamente para recuperar suas propriedades, restabelecer suas atividades e continuar promovendo seus ideais.

À medida que comemoramos os 80 anos do Dia D, é essencial lembrar não apenas dos soldados corajosos que lutaram nas praias da Normandia, mas também daqueles que resistiram à tirania em várias frentes.

A história da Maçonaria durante a Segunda Guerra Mundial é um testemunho da resiliência humana e do poder dos ideais de liberdade e fraternidade. Em um mundo que ainda enfrenta desafios de intolerância e autoritarismo, essas lições permanecem mais relevantes do que nunca.

Neste aniversário do Dia D, honremos todos aqueles que, de várias maneiras, contribuíram para a luta pela liberdade e pela dignidade humana.

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