Herma de Duque de Caxias em Itapetininga, uma obra de Ottone Zorlini sendo vandalizada.

Anualmente, inúmeros visitantes viajam para a Europa para apreciar uma variedade de obras de arte expostas em museus, galerias e até mesmo em espaços públicos. No entanto, as obras de arte em locais públicos no Brasil, incluindo algumas de artistas europeus, muitas vezes não recebem o mesmo nível de admiração e cuidado.

Localizada na área central de Itapetininga, em frente à Catedral Nossa Senhora dos Prazeres, a Praça Duque de Caxias é um ponto de referência da cidade, onde permanece um coreto encantador inaugurado em 1909. Rodeado por bancos que outrora exibiam anúncios de empresas antigas, a praça parece transportar seus visitantes para outra época.

Na mesma praça encontra-se a maior árvore pinus elliottii plantada em uma área pública do Estado de São Paulo, juntamente com a herma em bronze do Duque de Caxias, que empresta seu nome ao local.

Essa herma, instalada nos anos 40 em uma posição diferente da atual, já foi palco de muitas fotos e testemunhou inúmeros eventos. Em uma era em que o local era mais imponente, a herma recebia os cuidados adequados à sua importância histórica, algo que hoje parece distante da realidade.

Ao longo dos anos, a herma de Duque de Caxias testemunhou eventos patrióticos, a substituição de prédios antigos por novos empreendimentos e até mesmo um raro acidente de avião em Itapetininga.

Contemplou o desenvolvimento da cidade ao seu redor. Além de sua relevância histórica, a herma possui um valor artístico significativo, sendo uma obra esculpida pelo renomado Ottone Zorlini, um talentoso artista que deixou sua marca tanto na Itália quanto no Brasil.

Ottone Zorlini, nascido em Treviso, Itália, em 1891, estudou na Academia de Artes de Veneza e posteriormente se estabeleceu em São Paulo, onde produziu obras notáveis, incluindo o Monumento aos Heróis da Travessia do Atlântico, hoje situado no Parque Barragem de Guarapiranga.

Suas amizades incluíam diversos artistas renomados, como Alfredo Volpi, Francisco Rebolo, Mario Zanini e Fulvio Pennacchi, com os quais viajou pelo interior do Brasil e litoral, para pintar várias telas de paisagens brasileiras.

O legado de Zorlini também está presente em importantes instituições, como o Museu Bailo em Treviso, na Itália, e no Brasil, com obras no acervo permanente do MAM e da Pinacoteca do Estado de São Paulo.

Uma de suas esculturas mais conhecidas, “Eva Mulata”, datada de 1960, encontra-se na Pinacoteca do Estado.

A Casa Kennedy de Itapetininga também possui em seu acervo uma tela de Ottone Zorlini.

Ainda na Pinacoteca do Estado, em 1991, o museu fez uma exposição especial para homenagear o centenário de nascimento do artista.

Ottone Zorlini faleceu em 1967 e deixou um filho, Giancarlo Zorlini, que também é artista plástico.

Apesar da importância histórica e artística da herma, lamentavelmente ela tem sido alvo de atos de vandalismo, correndo o risco de danos irreparáveis.

Em 2018, por iniciativa de entidades históricas da cidade e de alguns irmãos da Loja Firmeza, foram realizados esforços voluntários para a restauração da herma. No entanto, mesmo após essa restauração, a obra foi novamente alvo de atos de vandalismo, demonstrando a urgência de medidas mais efetivas para sua proteção.

A herma de Duque de Caxias transcende a mera estátua; ela é um símbolo vivo da história, arte e de relevância para a Maçonaria, visto que o Duque de Caxias era membro desta ordem. Sua preservação é essencial para as futuras gerações, mantendo viva não apenas sua figura, mas também seu legado histórico e cultural.

O requerimento para a mudança de local pode ser consultado através do link: Consultar Requerimento, uma triste indicação da falta de respeito por essa obra de arte e pela história de Itapetininga.

Enquanto isso, os vândalos continuam a agir impunemente.

Monumento aos Heróis da Travessia do Atlântico

Assinatura de Ottone Zorlini na herma de Duque de Caxias
Eva Mulata, exposta na Pinacoteca do Estado de SP
Anos 50, zelo e valorização. Dias atuais, abandono e descaso.
Anos 60, herma como cenário para fotos da turma do Tiro de Guerra.

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