A Maçonaria desempenhou um papel crucial na Proclamação da República no Brasil, consolidando-se como uma força política e social influente no final do século XIX. A transição do regime monárquico para o republicano foi precedida por um longo período de descontentamento e articulação política, onde a Maçonaria exerceu sua influência.
O Contexto Histórico
A queda do Império Brasileiro foi acelerada por uma série de fatores. Após a Guerra do Paraguai (1864-1870), o Exército, que esperava reconhecimento por sua vitória, não recebeu a valorização esperada, gerando insatisfação entre seus líderes. A Igreja Católica, por sua vez, buscava maior autonomia em relação ao Estado, enquanto setores da sociedade civil demandavam reformas mais amplas. Em paralelo, as leis abolicionistas, fortemente apoiadas pelas lojas maçônicas, enfraqueceram a base econômica da Monarquia, já que o trabalho escravo era fundamental para a aristocracia rural
O Papel da Maçonaria
Os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, presentes na Maçonaria, encontraram eco nos movimentos republicanos. Em 10 de novembro de 1889, uma reunião decisiva foi realizada na casa de Benjamin Constant, um membro proeminente da Maçonaria. Participaram também os maçons Francisco Glicério e Campos Sales. Nessa reunião, planejou-se a derrubada do Império, e Benjamin Constant recebeu a missão de persuadir o Marechal Deodoro da Fonseca a liderar o movimento. Deodoro, que inicialmente era reticente devido à sua amizade com o Imperador Pedro II, acabou convencido da necessidade da mudança
Em 15 de novembro de 1889, com o apoio das forças militares e sob a liderança de Deodoro, a República foi proclamada. O primeiro ministério republicano contava com figuras de destaque da Maçonaria, como Rui Barbosa e Quintino Bocaiúva. O envolvimento maçônico não foi meramente casual; as lojas atuaram como espaços de articulação política e formação de líderes comprometidos com a transformação do Brasil
Influência e Legado
A Maçonaria não apenas apoiou a República, mas também contribuiu significativamente para moldar seus ideais. Os princípios republicanos eram consistentes com os valores maçônicos, o que reforçou o papel das lojas como centros de debate político e social. Após a proclamação, o Marechal Deodoro foi nomeado Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil, consolidando a relação entre o novo governo e a Maçonaria.
Esse período histórico exemplifica o compromisso maçônico com a promoção da justiça social e da democracia, reafirmando sua relevância nas transformações políticas do país. O legado dessa participação é reconhecido até hoje como um marco na construção da República Brasileira
